quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Criança Licenciada

Deparei-me recentemente com dois conceitos sobre a abordagens de ensino, sobre os quais achei interessante me debruçar e ponderar sobre as implicações que estes têm no contexto do estado actual do ensino universitário e o do emprego em Portugal.

“Pedagogia Vs. Andragogia”

Pedagogia é um conceito que todos nós ouvimos falar no dia-a-dia das escolas portuguesas, e provem dos termos gregos “paidós” (criança) e “aigogé” (condução/ educação), obtendo assim o significado literal “a arte de ensinar crianças”.

Por outro lado, Andragogia troca o termo “peda” por “Andro”, proveniente de “Andros” (homem), sendo assim definido por “a arte de ensinar homens”.

O Estado português através do Ministério da Educação utiliza o termo e teorias provenientes da Pedagogia para criar o seu modelo de ensino, enquanto a Andragogia é utilizada exclusivamente pelo IEFP (Instituto do Emprego e da Formação Profissional).

“Quando é que uma criança se torna um adulto?”

Por definição social adulto é a pessoa que passou a fase da adolescência e atingiu o pleno desenvolvimento das suas capacidades, assim sendo em termos temporais podemos considerar adulto a pessoa quem atinge a maioridade legal.

O artigo 122º do Código Civil Português, define com maiores de idade quem tenha completado dezoito anos de idade.

Então vejamos, seguindo os estudos com o intuito de prosseguir para a universidade, normalmente, uma pessoa atinge a maioridade quando está a ingressar efectivamente no ensino superior, seria então de esperar que o ensino superior como formador de adultos utilizasse técnicas e métodos de ensino que incidissem nas práticas “andragógicas”.

“Qual a diferença entre o modo de ensino da Andragogia e da Pedagogia?”

As diferenças entre os dois conceitos são várias, por exemplo, a razão pelo qual ocorre a aprendizagem, na pedagogia acontece pois a sociedade entende que a criança deve saber determinada matéria, na andragogia ocorre porque o adulto precisa efectivamente daquele saber para a sua vida prática; um universitário, à partida, já deverá saber o que vai fazer.

Enquanto na pedagogia a aprendizagem centra-se no professor, este é que tem a experiência, decide o que ensinar, o que avaliar e como avaliar, basicamente, o queijo e a faca na mão; para a Andragogia, a aprendizagem deve centrar-se no aluno, na sua independência, auto-gestão da aprendizagem e na experiência do aluno, basicamente não é colocar o queijo e a faca na mão do aluno, mas partilha-lo para potenciar a aprendizagem.

Para Pedagogia, o objectivo é seleccionar os melhores, para a Andragogia o objectivo é potenciar a afirmação de todos de acordo com as suas capacidades, mas o mercado de trabalho já não vai seleccionar os melhores? Não devia o Estado potenciar as capacidades dos jovens adultos que conseguiram chegar ao nível universitário?

A Andragogia parte das suposições sobre o modelos de aprendizagem:
  • Adultos precisam saber porque têm de aprender algo;
  • Adultos precisam de aprender experimentalmente;
  • Adultos abordam o aprendizado como resolução de problemas;
  • Adultos aprendem melhor quando o tópico é de valor imediato.
Não estaríamos mais motivados se soubéssemos o porque de aprender algo? E se mais motivados não aprenderíamos mais? És se com mais conhecimentos não estaríamos melhor preparados para enfrentar o mercado de trabalho?

Como pode um empresário conceder um emprego a um licenciado, se ele até aquela altura sempre foi considerado uma criança?”


Não sou Psicólogo, nem a minha área de estudo é directamente ligada à psicologia nem à aprendizagem, mas como gestor, procuro encontrar o problema da economia portuguesa, e tentar resolvê-lo, estas últimas perguntas podem gerar diversas conclusões, mas a minha é que algo esta errado na fonte, e se o trabalho de grupo potencia as qualidades do grupo, se o ensino for em conjunto é possível a potencialização da aprendizagem, e um licenciado pode ser um adulto com experiência suficiente para fazer o que mercado exige dele.


Texto escrito segundo o antigo acordo ortográfico, mas com o word a teimar mudar para o novo.

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